Auto de Fé


Auto de Fé

Os autos-de-fé consistiam em cerimônias mais ou menos públicas onde eram lidas e executadas as sentenças do Tribunal do Santo Ofício (instituição criada pela Inquisição no século XVI). Inicialmente havia dois tipos de autos-de-fé:
Os autos-de-fé que se realizavam no interior do Palácio da Inquisição ou num Convento, destinados exclusivamente aos "reconciliados" (aqueles que eram readmitidos no seio da Igreja e condenados a penas que iam desde penitências espirituais até à prisão e ao desterro;
Os autos-de-fé que se realizavam na praça pública onde eram condenados não apenas os "reconciliados" mas também os "relaxados" (aqueles que eram entregues à Justiça secular para execução da pena de morte.
Assistiam a estas cerimonias não apenas as autoridades religiosas e civis (muitas vezes o próprio rei estava presente), mas toda a população da cidade que gritava em júbilo enquanto os condenados eram queimados vivos.
O QUE FOI O "AUTO- DE- FÉ
DE BARCELONA "?
9 de outubro de 1861 
O livreiro Maurício  Lachâtre, estabelecido em Barcelona, foi um grande propagandista do Espiritismo na Espanha e havia encomendado trezentos volumes de diversos títulos espíritas a Allan Kardec.
O material chegou à Espanha através de tramitação legal, com impostos e taxas devidamente pagos por Kardec e com a documentação correta. 
O destinatário pagou os direitos de entrada dos volumes, mas antes que os mesmos fossem entregues, uma relação dos títulos foi entregue ao bispo de Barcelona, pois, a liberação de livros e ou sua censura, competia à autoridade eclesiástica.  O bispo tomando conhecimento da natureza dos livros ordenou que fossem apreendidos e queimados em praça pública pela mão do carrasco.
Os livros deveriam em tal situação ser devolvidos ao remetente em seu país de origem -a França. Contudo tal não aconteceu e o espetáculo- só assim pode-se classificar  tal ato de intolerância e intransigência- foi marcado para o dia 9 de outubro de 1861.  Naquela data, às 10:30 horas, os volumes foram queimados  como se fossem réus da inquisição. Alguns assistentes revoltados gritavam :"Abaixo a inquisição! ".
Contudo, essa atitude intransigente contribuiu enormemente para a propaganda da doutrina.
A perseguição prosseguiu, dissimulada, mas acirradamente, por muito tempo. O clero nunca escondeu seu desagrado com relação à mensagem espírita.   

Entre os volumes queimados estavam :
“Exemplares da Revista Espírita”; 
"O Livro dos Espíritos", Allan Kardec; 
"O Livro dos Médiuns", Allan Kardec; 
"O que é o Espiritismo", Allan Kardec; 
"Fragmento de uma Sonata", ditado pelo Espírito Mozart; 
"Carta de um Católico sobre o Espiritismo", Dr. Grand; 
"A História de Joana D'Arc", médium Mlle. Ermance Dufaux, Autora Joana D'Arc; 
"A realidade dos Espíritos demonstrada pela escrita direta", Barão de Guldenstubbé;  

“Assistiram ao auto-de-fé:
“Um sacerdote com os hábitos sacerdotais ,empunhando a cruz numa mão e uma tocha na outra;
“Um escrivão encarregado de redigir a ata do auto-de-fé;
“Um ajudante do escrivão;
“Um empregado superior da administração das alfândegas;
“Três serventes da alfândega, encarregados de alimentar o fogo;
“Um agente da alfândega representando o proprietário das obras condenadas pelo bispo.
“Uma multidão incalculável enchia as calçadas e cobria a imensa esplanada onde se erguia a fogueira.
“Quando o fogo consumiu os trezentos volumes ou brochuras espíritas, o sacerdote e
seus ajudantes se retiraram, cobertos pelas vaias e maldições de numerosos assistentes, que gritavam: Abaixo a Inquisição!
“Em seguida, várias pessoas se aproximaram da fogueira e recolheram as suas cinzas.
” Uma parte das cinzas nos foi enviada. Ali se encontra um fragmento de O Livro dos Espíritos, consumido pela metade. Nós os conservamos preciosamente, como autêntico testemunho desse ato de insensatez.


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