Consciência ingênua" e "Consciência crítica




"Consciência ingênua" e "Consciência crítica"

Paulo Freire - Educação e mudança.

1. Características da consciência ingênua

Revela uma certa simplicidade, tendente a um simplismo na interpretação dos problemas, isto é, encara um desafio de maneira simplista ou com simplicidade. Não se aprofunda na causalidade do próprio fato. Suas conclusões são apressadas, superficiais.
Há também uma tendência a considerar que o passado foi melhor. Por exemplo: os pais que se queixam da conduta de seus filhos, comparando-a ao que faziam quando jovens. No meu tempo... Antigamente...Antes de...
Tende a aceitar formas gregárias ou massificadoras de comportamento. Esta tendência pode levar a uma consciência fanática.
Subestima o homem simples.
É impermeável à investigação. Satisfaz-se com as aparências. Toda concepção científica para ele é um jogo de palavras. Suas explicações são mágicas.
É frágil na discussão dos problemas. O ingênuo parte do princípio de que sabe tudo. Pretende ganhar a discussão com argumentações frágeis a alteradas. É polêmico mas não pretende esclarecer. Sua discussão é feita mais de emocionalidades de que de criticidades: não procura a verdade; trata de impô-la e procurar meios históricos para convencer com suas idéias. É curioso ver como os ouvintes se deixam levar pela manha, pelos gestos e pelo palavreado. Trata de brigar mais, para ganhar mais.
Tem forte conteúdo passional. Pode cair no fanatismo ou sectarismo.
Apresenta fortes compreensões mágicas.  Diz que a realidade é estática e não mutável.

2. Características da consciência crítica:

Anseio de profundidade na análise de problemas. Não se satisfaz com as aparências. Pode-se reconhecer desprovida de meios para a análise do problema.
Reconhece que a realidade é mutável. 
Substitui situações ou explicações mágicas por princípios autênticos de causalidade.
Procura verificar ou testar as descobertas. Está sempre disposta às revisões.
Ao se deparar com um fato, faz o possível para livrar-se de preconceitos. Não somente na captação, mas também na análise e na resposta.
Repele posições quietistas. É intensamente inquieta. Torna-se mais crítica quanto mais reconhece em sua quietude a inquietude, e vice-versa. Sabe que é, na medida em que é, e não pelo que parece. O essencial para parecer algo é ser algo; é a base da autenticidade.
Repele toda transferência de responsabilidade e de autoridade e aceita a delegação das mesmas.
É indagadora, investiga, força, choca. Ama o diálogo, nutre-se dele.
Face ao novo, não repele o velho por ser velho, nem aceita o novo por ser novo.


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